Em I
Tessalonicenses 5:2-3 está escrito:
"Porque
vós mesmos sabeis muito bem que o dia do Senhor virá como o ladrão de noite;
pois que, quando disserem: Há paz e segurança! Então lhes sobrevirá repentina
destruição, como as dores de parto àquela que está grávida; e de modo nenhum
escaparão".
Esta
passagem é utilizada pelos defensores do arrebatamento anterior à tribulação,
tomando como base o caráter “inesperado” desse acontecimento mostrado por Paulo
nestes versículos, para explicar a existência de um arrebatamento oculto e
anterior à tribulação. Porém, temos que observar alguns tópicos importantes
para entender melhor que foi escrito pelo apóstolo dos gentios.
a)
Alguns podem argumentar que o cenário apresentado por Paulo, de "paz" e
"segurança", não condiz com a realidade caótica denominada tribulação,
colocando o arrebatamento (Dia do Senhor) como um evento pré-tribulacional.
Entretanto, o apóstolo não diz que haverá paz e segurança, e sim “...quando
disserem...”. Quando estudamos a figura e atuação do anticristo, descobrimos
que ele terá um grande poder de convencimento e manipulação através da fala,
e,
sem dúvidas, essa promessa de paz e segurança virá dele. Com esse discurso,
ele seduzirá a muitos durante a tribulação até o momento final em que reunirá
todos os exércitos da Terra contra Israel. Acreditamos que ele usará como
argumento para convencer todas as nações a marcharem contra Israel, a paz e a
segurança mundial, afirmando que a nação israelense seria o único obstáculo
para que isso finalmente acontecesse no mundo.
b) Note
que o apóstolo começa a sua narrativa explicando o que acontecerá no DIA DO
SENHOR. Quando estudamos mais detalhadamente o que é considerado na Bíblia como
"Dia do Senhor", vemos que ele está sempre relacionado com a segunda
vinda de Jesus em glória, quando Ele retornará para livrar o seu povo, derrotar
os exércitos do anticristo no Armagedom e instaurar o seu reino de justiça.
Isso fica claro em passagens como Joel 2: 31-32:
"O
sol
se converterá em trevas, e a lua em sangue, antes que venha o grande e terrível
dia do Senhor. E há de ser que todo aquele que invocar o nome do Senhor será
salvo; porque no monte Sião e em Jerusalém haverá livramento, assim como disse
o Senhor, e entre os sobreviventes, aqueles que o Senhor chamar"
Outras
passagens que relacionam diretamente o Dia do Senhor à sua vinda em poder e
glória como Rei e Juiz, estão em Isaias 13:6, Joel 1:15, II Pedro 3:10, Isaias
13:9, Joel 2:28-32, Zacarias 14:1-2 e Joel 2:1-11.
c) A incoerência mais marcante do raciocínio
pré-tribulacionista ligado a essa passagem está relacionada à gritante
deturpação do sentido que Paulo quer ensinar aos irmãos em Tessalônica. O
argumento pré-tribulacionista diz assim: "Ora, se o Dia
do Senhor virá como um
ladrão na noite, então o rapto só pode ser secreto e antes da tribulação, pois
se fosse logo após a grande tribulação todos ficariam sabendo e já não seria
inesperado como a chegada de um ladrão na noite...".
O
argumento acima é, sob a ótica humana, plausível. Porém, à luz do que é
ensinado no próprio contexto por Paulo e no que é revelado no Apocalipse, tal
argumento e totalmente antibíblico. Se formos um versículo mais adiante da
passagem inicial (I Tessalonicenses 5:2-3), veremos Paulo ensinando que para
nós, discípulos do Senhor, o Dia Dele não nos surpreenderá como a chegada de
um
ladrão à noite, porque já não estamos mais em trevas! Logo, o Dia do Senhor
surpreenderá que está em trevas. O Dia do Senhor não surpreenderá a Igreja. O
Senhor não virá como um ladrão para a Igreja e sim para aqueles que estiverem
em trevas. É isso que Paulo ensina.
Por
outro lado, a revelação apocalíptica deixa claro que, mesmo em meio à grande
tribulação e até mesmo nos momentos finais dela, os ímpios não atentarão para
a
proximidade da vinda do Senhor, fazendo com que todo argumento
pré-tribulacionista referente à necessidade de que os eventos ocorram antes da
tribulação para "surpreender" as pessoas, caia por terra. É só ler
Apocalipse
9:20-21 e Apocalipse 16:10-11. Os homens só se lamentarão e chorarão
amargamente diante de sua condenação iminente quando virem ocorrer os sinais
cósmicos que antecedem a gloriosa vinda de Jesus (Mateus 24:30, Apocalipse 1:7,
Apocalipse 6:12-17).
O TERMO “APOSTASIA” DESCREVE O ARREBATAMENTO?
O termo
"apostasia" em II Tessalonicenses 2:3 é interpretado por alguns como "retirada", apontando para uma saída
da
Igreja antes da manifestação do anticristo.
Porém, nesse contexto temos que destacar alguns pontos que se opõem
frontalmente a essa idéia.
Em
primeiro lugar destacamos um princípio que é fundamental. A submissão de Paulo
aos ensinamentos do Senhor Jesus. O Mestre profetizou que antes de Sua gloriosa
volta haveria esfriamento do amor ágape por parte de muitos (Mateus 24:12).
Logo depois, Ele revela que haverá a abominação desoladora no lugar santo.
Paulo, na passagem aos tessalonicenses, coloca a apostasia e a manifestação do
anticristo como sinais que antecedem a vinda do Senhor e o nosso encontro com
Ele nos ares, para ensinar que tais sinais deveriam ocorrer antes do regresso
do Senhor. Então, não há razões para não crer que Paulo estava citando aos
tessalonicenses os mesmo sinais que já haviam sido profetizados pelo Mestre!
Em
segundo lugar, devemos considerar a coerência de Paulo no ensino ministrado
durante todo o seu ministério. A segunda carta aos tessalonicenses foi uma das
primeiras escritas pelo apóstolo. Porém, pouco antes de ser martirizado, ele
escreve a Timóteo e ensina que no final dos tempos muitos apostatariam da fé (I
Timóteo 4:1), voltando a lembrar o ensino original do Senhor.
Por outro
lado, caso Paulo estivesse se referindo ao um rapto secreto ao escrever
a palavra
"apostasia", por que esse importante ensino não foi levado adiante
pelas gerações seguintes? Analisando os textos referentes à Igreja nos primeiros
séculos não há qualquer referência a um rapto secreto antes da tribulação
ou antes da manifestação do anticristo. Os irmãos dos primeiros séculos não
tinham qualquer crença nesse sentido. Eles criam na vinda do Senhor tal qual
ela foi descrita em Mateus 24:29-31.
Por
último, citamos o contexto. Faz parte de qualquer regra elementar de
interpretação das Escrituras a consideração do contexto. Se formos ao começo do
texto em questão, veremos que o apóstolo Paulo ensina aos irmãos que estariam
atribulados na ocasião da vinda do Senhor, que Ele viria como labareda de fogo
e com os anjos do seu poder, para trazer-lhes alívio ou descanso. Ou seja, o contexto
apontado por Paulo é o da vinda do Senhor para aliviar a Igreja atribulada e
não para evitar que a Igreja ingressasse na tribulação.
A IGREJA OU O ESPÍRITO SANTO DETÊM A REVELAÇÃO DA
BESTA?
Outro texto bastante usado pelos defensores do
arrebatamento pré-tribulacional está escrito em II Tessalonicenses 2:7:
"Porque
já o mistério da injustiça opera; somente há um que agora resiste até que do
meio seja tirado"
Muitos
usam esse texto para argumentar que aquilo que detém a manifestação e revelação
do anticristo e seu sistema, é a Igreja. Outros sustentam que se trata do
próprio Espírito Santo ou até mesmo os dois (Espírito Santo e Igreja).
Acontecendo o arrebatamento da Igreja, o Espírito Santo deixaria a Terra à
mercê do poder do anticristo para que ele se manifeste plenamente. Vejamos,
porém, alguns tópicos:
a) É visível na Bíblia a atuação do Espírito Santo mesmo
em plena grande tribulação. Senão, como exerceriam o seu ministério as duas
testemunhas descritas em Apocalipse 11:1-14? Elas profetizarão por mil duzentos
e sessenta dias e serão mortas pelo anticristo, porém reviverão após três dias
e meio de forma sobrenatural. O texto contido em Daniel 7:21, deixa
transparecer que muitos santos serão martirizados na mesma ocasião da morte das
duas testemunhas. Agora reflita um pouco: Para quem profetizariam essas
testemunhas, se não existissem pessoas sedentas de ouvir seu testemunho? Como
ouviriam e seriam convencidas se o Espírito Santo, que convence de todo pecado
e testifica aos nossos corações, não estivesse agindo na Terra durante o
ministério das duas testemunhas? Com que poder elas ressuscitariam, se não
fosse o poder divino? É importante saber que, mesmo durante a grande
tribulação, DEUS ESTARÁ NO CONTROLE DO UNIVERSO E DA TERRA.
b) A
revelação do Apocalipse deixa claro que um número considerável de pessoas não
se dobrará diante do anticristo e se negará a receber a marca da besta,
guardando sua fé até o fim (Apocalipse 7:9-17). Essas pessoas fazem parte do
corpo de Cristo que é a Igreja, a menos que se queira dividir o Corpo em
segmentos, o que se opõe a toda revelação bíblica.
A
seguir, abordaremos mais detalhadamente essa passagem escrita por Paulo aos
tessalonicenses em sua segunda carta, pois cremos que ela encerra revelações
cruciais. Durante séculos a identidade de "quem" e "o quê"
detém
a
revelação
do
anticristo, tem provocado o surgimento de muitas opiniões, o que é
compreensível, pois Paulo não revela sua identidade. Daremos nossa posição a
respeito, salientando que é apenas aquilo que entendemos sobre o tema, o qual
não comporta posições dogmáticas:
1. Há
uma dualidade de referências ao que impede a revelação do anticristo. No
versículo 6, é usado o termo "o que o detém". Já no versículo
7 é usado um pronome pessoal: "somente há um que agora resiste até
que do meio seja tirado". Isso descartaria apenas um
objeto/ação/instituição ou apenas uma pessoa. Conseqüentemente cremos tratar-se
de uma pessoa e ao mesmo tempo uma estrutura ligada a essa pessoa.
2. O
apóstolo Paulo relaciona a revelação do anticristo ao fato dele assentar-se no
Templo de Deus. O apóstolo segue a mesma linha seqüencial usada por Jesus no
sermão profético (Mateus 24:13-15). O assentar-se no Templo de Deus está
relacionado à abominação da desolação, que ocorrerá num dia e num local
específico (não acreditamos que a abominação desoladora possa ser alegorizada,
já que a compreensão dos interlocutores de Jesus e de Paulo estava voltada a um
evento literal profetizado por Daniel, cronologicamente situado no cenário
profético). Portanto, se o encontro de Jesus e da Igreja se dará após a
apostasia e a revelação do anticristo (abominação da desolação), logicamente, a
Igreja não parece ser o que impede essa revelação (II Tessalonicenses 2:1-3).
3. No
cenário apocalíptico, vemos uma Igreja que guarda os mandamentos de Deus e
mantém o testemunho de Jesus, e vemos cristãos martirizados pelo governo do
anticristo por seu testemunho (Apocalipse 12:17, 6:11, 20:4). Isso mostra a
presença do Espírito Santo em meio à Igreja, mesmo após a revelação do
anticristo, até porque o Espírito Santo foi enviado para consolar e guiar a
Igreja e não para controlar os poderes do mundo. Conseqüentemente isso
descartaria uma possível "remoção" do Espírito Santo da Terra para
que o anticristo possa se manifestar.
4. Paulo
revela que o mistério da iniqüidade já estava atuante no século
primeiro (versículo 7). A partir do momento que Paulo fala no presente e
projeta o clímax desse mistério no futuro, logicamente "aquilo/quem"
impede esse clímax tem estado vivo e atuante nesses últimos 2000 anos,
impedindo essa manifestação plena do mal. Isso descartaria a hipótese do
Império Romano, que ruiu há muito tempo. Note que Paulo fala de resistência ao
mistério em si e não propriamente à revelação do anticristo. Essa revelação
será uma conseqüência física de causas espirituais.
5. Quem
resiste precisa ter uma autoridade ou força maior ou pelo menos semelhante à
força que está sendo resistida. Afinal de contas, estamos falando de 2000 anos
de resistência...
6. O
termo grego usado para "resiste", indica um ato contínuo de resistir,
um confronto direto ou combate entre duas forças e não a mera
"presença" de duas forças antagônicas.
Devido a
essas razões e respeitando todas as outras, já que estamos abordando um tema
não revelado diretamente na Palavra, cremos que "quem" e "o
que" resiste o clímax do mistério da iniqüidade e sua concretização num
evento específico, num local específico e num dia específico (abominação da desolação),
é o arcanjo Miguel e suas hostes. No livro de Daniel, fica a clara conotação
que o arcanjo Miguel, um dos primeiros príncipes, cumpre funções de resistência
espiritual. Isso fica exposto em passagens como Daniel 10:12-13, Daniel
10:20-21 e Daniel 12:1. O mesmo arcanjo cumpre missões de combate espiritual,
como fica registrado em Apocalipse 12:7, numa passagem notavelmente relacionada
ao princípio da grande tribulação.
Baseados
nestes princípios e revelações escatológicas, nós acreditamos que o
arrebatamento e subseqüente encontro da Igreja com o seu Senhor e Salvador,
terá lugar no momento em que no céu aparecer o sinal de Cristo, ou seja, no
momento de sua segunda vinda. Essa segunda vinda será um evento único e
acontecerá logo após a grande tribulação.
VOCÊ ESTÁ PREPARADO PARA ESSA VINDA?
VOCÊ ESTÁ PREPARADO PARA NÃO SE PROSTRAR DIANTE DA
IMAGEM DA BESTA NEM RECEBER SEU NÚMERO, MESMO QUE ISSO TRAGA SEU MARTÍRIO?
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